Vida diocesana, Junho/julho, 2003

– Chegou o momento de restabelecer aquela profunda aliança entre Igreja e arte, que marcou profundamente o caminho do cristianismo ao longo destes dois milênios.

(João Paulo II, Discurso do Santo Padre na celebração do jubileu dos artistas – 18 de fevereiro de 2000 – Osservatore Romano)

– Na criação artística, mais do que em qualquer outra atividade, o homem revela-se como “imagem de Deus”… (João Paulo II – Carta aos Artistas, 1.)

– Se formos capazes de discernir nas numerosas manifestações do belo um raio da beleza suprema, então a arte torna-se um caminho rumo a Deus e estimula o artista a conjugar o seu talento criativo com o empenho de uma vida cada vez mais em sintonia com a lei divina. (João Paulo II, Discurso do Santo Padre na celebração do jubileu dos artistas – 18 de fevereiro de 2000 – Osservatore Romano)

– Arquitetura é, antes de mais nada construção, mas não se trata de “acrescentar” ao edifício uma certa dose de beleza. Há absoluta necessidade que desde a concepção de edifício na mente do arquiteto, esteja presente o sentido do belo, do útil, do agradável, da transcendência de um edifício destinado a abrigar a beleza por excelência, o próprio Cristo. Não se trata, de maneira alguma, de construir um edifício para o culto e depois decorá-lo. Haverá de estar presente, desde o início o Espírito que inundará o arquiteto, para que na sua concepção seja centro a presença do Cristo, simbolizada no altar, a mesa do Senhor, realizada na presença real da celebração. (Ivo Porto de Menezes – A casa de Deus com os homens, Arquitetura, Arte, Construção)

– … os clérigos, durante o curso filosófico e teológico, sejam também instruídos na história da Arte Sacra e de sua evolução, bem como acerca dos sãos princípios que devem reger as obras de arte, de tal forma que apreciem e conservem os veneráveis monumentos da Igreja e possam orientar os artistas na produção de suas obras. (Sacrosanctum Concilium n.º 129)          

– Os bens culturais da Igreja constituem uma das mais elevadas expressões da tradição cristã, originaria das inumeráveis gerações de crentes e representam uma parte essencial da herança cultural da humanidade.

Estas são, de fato, manifestações de Deus junto ao homem e elevação do homem para Deus e constituem testemunhos da identidade e da tradição histórica dos povos. 

A comunidade católica e a comunidade civil devem por isso sentir a grave responsabilidade de conhecer, guardar valorizar e transmitir às gerações futuras toda a preciosa herança que lhe foi temporariamente confiada. 

A Igreja Católica, em particular, deve considerar os bens culturais religiosos como fonte primaria da sua atividade pastoral para a reevangelização do mundo contemporâneo. 

A ação da Igreja para a guarda e valorização dos bens culturais religiosos móveis e imóveis  é particularmente urgente no atual momento histórico, … (Sulla Tutela dei beni culturali della Chiesa, Carta di Villa Vigoni, 1994, Pontificia Comissão dos Bens Culturais da Igreja)

– O templo é sinal da presença e ação salvífica do Pai; é imagem do Corpo Místico de Cristo, único e verdadeiro templo, construído com pedras vivas para oferecer sacrifícios novos (cf. Jo 2, 19 e 21).O próprio Deus consente que nossos edifícios sejam sua casa, pois nesse espaço ele nos dá vivenciar a sua união conosco e a união fraterna entre nós. Por isso, a igreja-edifício é sinal também da Igreja-Comunidade. Assim este edifício não é uma construção qualquer; é sinal da Igreja peregrina, é imagem da Igreja celeste. A Igreja, como família de Deus, precisa de uma casa para reunir-se, dialogar, viver na alegria e na comum-união os grandes momentos de sua vida religiosa”(cf. CNBB, Doc. 43, n. 139,140 e 141). “Como pede sua natureza, a igreja terá de ser adequada às celebrações sacras, bela, resplandecente de nobre formosura e não de mera suntuosidade e verdadeiramente sinal e símbolo das realidades celestes. A disposição geral do edifício deve manifestar de algum modo a imagem do povo reunido e permitir uma ordem inteligente, bem como a possibilidade de se exercerem com decoro os diversos ministérios”(Ritual de dedicação de Igreja, 3). (D. Geraldo Lyrio Rocha – Análise da realidade da pastoral litúrgica no Brasil)

– Estamos sempre aprendendo, aprofundando, discernindo o projeto de Deus em meio às mais diversas realidades do cotidiano. Sobretudo a experiência de comunidade fortalece nosso crescimento na vida cristã. (Catequese hoje, Pe. Vanildo de Paiva – O Domingo, 30/12/2001)

– A mesa é mais do que madeira, pedra… É ponto de convergência. Lugar de celebrar a vida, a amizade, as lutas, projetos. Mesa é ponto de união, lugar onde as diferenças e diversidades se colocam na ciranda da unidade. Mesa onde se reparte a vida, onde se “come” o pão da unidade, da fraternidade e da amizade. (Pe. Alonso Paschotte, C.Ss.R. – Igreja, comunidade eucarística – Deus Conosco, n.º 36, 28/07/1996) 

– O belo, assim como a verdade e o bem, nos conduzem ao Ser primeiro. Deus, assim como Verdade primeira e Bem supremo é a Beleza mesma. … A criação é chamamento constante à contemplação do Deus da beleza…. A beleza da liturgia não é senão um  discreto e modesto reflexo da beleza de Deus. … A educação da sensibilidade religiosa à beleza consistirá uma das tarefas mais importantes da formação. Porque a beleza não é a estética das formas as mais harmoniosas, mas uma certa plenitude do humano, reflexo do divino. (Cardeal Paulo Poupard – Évangeliser par la beauté – “Sources vives”, n.º 97, avril 2001, pág. 11)

– Os sacerdotes, quer seculares quer religiosos, que já labutam na vinha do Senhor, sejam ajudados por todos os meios oportunos, para que, sempre mais plenamente, penetrem o sentido do que realizam nas sagradas funções, vivam a vida liturgica e façam dela participantes os fieis a eles confiados. (Sacrosanctum Concilium, n.º 18).

– A construção de uma igreja ! Que admirável objetivo! Utilizar todas as pesquisas de nossa época (que são imensas) e tentar fazer como têm feito nossos ilustres antepassados: utilizar as técnicas e os materiais novos segundo suas próprias leis, soltando as belezas criadas ! e tudo isto para a maior glória de Deus. (Pinsard – Les églises modernes).

– Entre as mais nobres atividades do espírito humano estão de pleno direito, as artes liberais e muito especialmente a arte religiosa e o seu mais alto cimo que é a arte sacra. Elas espelham, por natureza, a infinita beleza de Deus a ser expressa por certa forma pelas obras humanas e estarão mais orientadas para o louvor e glória de Deus se não tiverem outro fim senão o de conduzir piamente e o mais eficazmente possível, através das suas obras, o espírito do homem para Deus. É esta a razão porque a santa Mãe Igreja amou sempre as artes liberais, formou artistas e nunca deixou de procurar o contributo delas especialmente para fazer com que os objetos atinentes ao culto fossem dignos, decorosos e belos, verdadeiros sinais e símbolos do sobrenatural. A Igreja julgou-se sempre no direito de ser como que o seu árbitro, escolhendo entre as obras dos artistas as que estavam de acordo com a fé, a piedade e as orientações veneráveis da tradição e que melhor pudessem servir ao culto (Sacrosanctum Concilium, n.º 122). 

… nossas igrejas e também os outros lugares onde se celebra o culto, devem recorrer à arte e ao bom gosto para criar um ambiente religioso digno, cômodo, funcional e simples, sem ser banal (Animação da vida litúrgica no Brasil – Documento da CNBB, n.º 43).

– A formação é um processo permanente que não termina no momento da ordenação sacerdotal mas abrange todas as fases da vida, com diversidade de formas e métodos. (Formação dos presbíteros no Brasil, diretrizes básicas n.º 89 – Documentos da CNBB, n.º 30).

– Para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte. Ora, a arte possui uma capacidade muito própria de captar os diversos aspectos da mensagem, traduzindo-os em cores, formas, sons que estimulam a intuição de quem os vê e ouve. (Carta do Papa João Paulo aos artistas, 04 de abril de 1999).

– A celebração litúrgica é enriquecida com o contributo da arte, que ajuda os fiéis a celebrarem, a se encontrarem com Deus e a rezarem. (Congregação para o Culto Divino , A liturgia romana e a inculturação, n.º 43)

– A necessidade de construir e decorar novas igrejas exige uma reflexão aprofundada sobre o significado da igreja como lugar sagrado e a importância da liturgia. Os artistas são convidados a exprimir estes valores espirituais. (Conselho Pontifício da Cultura – Para uma Pastoral da Cultura)